domingo, 24 de maio de 2015

Piquenique na cidade grande

Marquei com minhas amigas de ir a um evento no parque - um piquenique, organizado pela slowkids.
Ficamos animados com o programa, cortamos nossas frutas, assamos uns cookies de aveia e nos organizamos para chegar às 14h. 
Almoçamos, arrumamos as coisas do almoço e saímos. 
No grupo do Whatsapp todo mundo se comunicando dando notícias de onde estavam e como estava a situação do trânsito.
Era tanta gente, mas tanta gente, que a Marginal ficou totalmente parada - um caos se formou. Quase desistimos, mas acabamos estacionando longe (beeeeeeeeeeeeeem longe) a andando até o parque.

O paulistano está sedento por esse tipo de programa. Ar livre, sol, temperatura agradável, contato com a natureza. Como falta contato com a natureza em SP! 
Estamos há quase dois anos na cidade e sentimos que aproveitamos pouco do que a cidade tem pra oferecer. Um dos motivos, com certeza, é a dificuldade de ir e vir por aqui. Estacionar é uma tarefa complicada quando se trata desse tipo de evento, ir de transporte público (com 2 crianças, carrinho, comida etc), então, mais ainda. 
Como eu estava com saudade desse contato direto com a natureza, foi muito bom!
Foi muito bom estar com amigos queridos numa tarde ensolarada de outono!
E as meninas amaram - tudo, menos o engarrafamento para chegar e a caminhada ladeira acima para voltar...

Valeu a pena - sim, muito!
Mas acho que da próxima vez, ou me organizo pra chegar 2h antes do evento começar ou vai dar preguiça...


sexta-feira, 22 de maio de 2015

Pessoas

Um grande amigo, ao saber do meu problema de saúde, disse:
"Uma das coisas que mais me marcaram quando eu fiquei doente foram as pessoas. Você vai se decepcionar com muita gente e se surpreender com muita gente".

Verdade.

Pessoas com quem nunca pensei que pudesse contar estiveram presentes, mão na massa, ajudaram muito, com coisas que nem pensava que precisaria de ajuda.
Outras, com quem achei que pudesse contar, não. E não por não querer, mas não poder mesmo. Fiquei magoada - mas hoje entendo que a ajuda da qual eu estava precisando elas não podiam - não podem - oferecer.

Tenho muita gratidão por todos que ficaram com minhas filhas nas duas semanas em que fiquei internada sem vê-las. Lembro com muito carinho das enfermeiras que cuidaram de mim, de cada uma que me ajudou a dar um passo a mais para minha recuperação.

Os quase dois meses mais críticos por qual passei foram duros, difíceis, pesados. Mas também proporcionaram oportunidades de reencontro com aqueles que, por motivos mil, se afastaram e escolheram caminhos muito diferentes do que o meu. Proporcionaram reencontros entre amigos, que, preocupados comigo, se falavam diariamente, depois de quase 15 anos de pouca convivência. Proporcionaram reencontros com amigos de infância.

A mágoa com aqueles que não corresponderam às minhas expectativas já foi muito grande, está diminuindo e espero que fique bem pequeninha. Mas não vou conseguir apagar.
Que as coisas boas que os momentos difíceis oferecem prevaleçam na minha memória.

Meu grande amigo tinha razão.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Descobrindo a magia das letras


Domingo de tarde, Laura pediu para pintar lá fora...
- Mamãe, olha o meu desenho!
Foi uma surpresa linda.
Totalmente espontânea. 
Ela está encantada com as letras - e nós, encantados com o encantamento dela. 

Laura tem 5 anos e na escola onde estuda, não será alfabetizada até os 7 anos. O interesse vem de dentro, e é emocionante ver como as letras são mágicas para ela.

- Que lindo seu desenho,
- Você gostou muito, mamãe?
- Sim, adorei!
- Adorou?
- Sim, muito mesmo.
- Quer tirar uma foto?
- Quero!
- Vamos mandar pra vovó?

E assim registramos mais um capítulo desse momento mágico que é a descoberta (espontânea) das letras.


domingo, 17 de maio de 2015

Convivendo com as limitações

Não posso fazer esforço físico.
Fácil falar.
Difícil conviver sendo mãe de 2.
Mas estou obedecendo.

Não posso dar banho na Nina (alguém já experimentou dar banho em bebê
SEM fazer esforço com o abdômen?), não posso usar o sling, não posso carregar a Nina no bebê conforto, não posso tirar ou colocar o carrinho no carro, não posso pegar a Nina do chão, não posso colocá-la no chão.

Posso amamentar, posso brincar com elas, posso sentar no chão (esse é super importante, mas só as mães entendem), posso dirigir, posso pegar a Nina no colo (de um lugar alto), posso ler para a Laura, posso buscar a Laura na escola, posso cantar (bem desafinada) para a Nina, posso preparar a comida da Laura.

Sei que preciso focar no "posso", mas não posso negar que o "não posso" está sendo pesado. Falta menos do que faltava para poder mais, mas ainda falta.

Estou obedecendo. Mas está sendo difícil.

Quem me conhece sabe o quanto prezo minha independência. E estas limitações me tiram grande parte dessa independência - literalmente, me limitam. Tento planejar tudo nos mínimos detalhes pensando em cada movimento para poder ter um pouco de liberdade. Liberdade de ir e vir. Com elas. E pedir ajuda.
Sem ajuda, não dá - mas com ajuda é possível.

Aprendendo a cada dia.


sexta-feira, 15 de maio de 2015

Amamentando no meio da tempestade

Semana passada escrevi um relato sobre a minha experiência de amamentação em meio a um turbilhão em que minha vida se transformou devido a um problema de saúde. Escrever o relato foi uma experiência interessante.
Tentei ser breve, objetiva, focar apenas na amamentação.
Ao mesmo tempo que foi interessante, foi doloroso reviver minha experiência - e difícil não me perder nas emoções.
O relato foi publicado no blog de duas queridas : Bianca Balassiano Najm e Ana Garbulho. Esta experiência me deu vontade de voltar a escrever.
E agora, publico aqui:


Sim, eu consegui!
No que seria uma consulta de rotina pós-parto (Nina tinha 36 dias), uma pedra apareceu no meu caminho – literalmente. Eu, que estava planejando experimentar as aulas de dança e yoga para mães e bebês depois dessa consulta, começaria uma rotina de torturantes exames que culminariam em uma cirurgia grande e invasiva. Nina acabara de completar um mês de vida.
O primeiro exame foi simples: uma ultrassonografia que detectou uma massa gigante no meu abdômen (não no útero, mais acima – por isso não detectada durante a gestação) e teria que continuar “investigando”, ou seja, passar por uma bateria de exames. Naquele momento, minha maior preocupação era continuar a amamentar minha pequena – a preocupação de todos ao redor (médicos, pai, mãe, marido...) era comigo e, para eles, isso (amamentar) não era prioridade. Mas para mim era – e muito. E começou uma guerra, literalmente, uma guerra, para não parar de amamentar a Nina no meio da montanha russa que minha vida virou.
Pra começar, as informações truncadas – para qualquer pergunta há sempre muitas respostas diferentes, muito diferentes. E quando você está absurdamente fragilizada, com medo, insegura, escolher “em quem acreditar e brigar com o resto do mundo” não é tarefa simples.
O próximo exame era uma ressonância – com contraste. Nas orientações do laboratório, de 24 a 48h sem amamentar. Assim. Mas como assim? O que significa DE 24 A 48 horas? 24 é muito diferente de 48 – e, além disso, eu não sabia ordenhar (tentei e não consegui com minha filha mais velha). A pressão era para marcar o exame com urgência, para o dia seguinte (uma sexta). Marquei pra segunda, ganhei 3 dias. Surtei. Chorei. Solucei. Desesperei-me. Sabia que este exame não seria o final e sim o início de uma jornada que não tinha ideia de como seria.
Precisava aprender a ordenhar – minha GO me deu o contato da Ana Garbulho, que em menos de uma hora, estava na minha casa (deixando a bebê dela com leite ordenhado em casa). Meu marido foi buscar uma bomba de tirar leite alugada, uma vizinha e mãe de um amigo da minha filha mais velha foi buscá-la na escola, deu jantar e banho. Agradeço por ter aprendido a ordenhar sem me machucar. Ordenhar manualmente, ordenhar com a máquina. Congelar, descongelar. Quanto de leite mama um bebê em livre demanda? Como fazer as porções? As duas horas que a Ana ficou aqui comigo foi essenciais na minha jornada. E meu foco passou a ser ordenhar. Ordenhar e ordenhar. O medo com os exames, com os procedimentos que estavam por vir, com o que eu tinha na barriga, com a possível cirurgia, com a dor, esse medo estava presente sim, mas em segundo plano. Para mim, a prioridade passou a ser manter a amamentação no meio do caos.
Três semanas se passaram entre a consulta e a cirurgia. Foram 24h (para a ressonância) + 48h (para a tomografia) + 4h (para a endoscopia) sem poder amamentar minha filha. Nesses dias (horas contadas) ela tomou o meu leite na mamadeira (as pessoas que gentilmente me ajudaram a ficar com a Nina durante os exames não conseguiram dar no copo ou na sondinha) e depois voltou pro peito. Ela ficou irritada no começo porque o leite, que antes jorrava, passou a vir mais lento, afinal, eu estava ordenhando e estava “abusando” da minha produção. O médico pediu para eu não tomar nenhum medicamento para aumentar o fluxo, pois não sabíamos a origem do tumor. Então o aumento de produção foi apenas “mecânico” e com água. Muita água. Houve, também, dias em que não pude ordenhar, por ter que viajar para uma consulta e ficar o dia todo fora, ou por ter que fazer jejum por muitas horas para exames.
Depois de todos os exames feitos e cirurgia marcada, ainda não tinha o diagnóstico fechado. Quanto tempo vou ficar internada? Vou ficar no CTI? Quando vou poder sentar? Que remédios vou ter que tomar? Vou poder pegar minha filha no colo? Como será o corte da cirurgia? Quando vou poder cuidar das minhas filhas? Para todas as minhas perguntas apenas uma resposta: depende. Depende do que vamos encontrar quando abrir. A previsão de internação era de 2 a 10 dias. Precisava ordenhar. Muito. Mas não sabia quanto. Dessa vez não tinha um objetivo claro.
Outro desafio: precisava transportar o leite ordenhado de SP para o Rio (moro em SP, mas toda a família está no Rio, daí operar no Rio, para poder ter o suporte). Precisava chegar sem descongelar. Não sabia quanto teria no dia. As companhias aéreas não sabiam se podia ou não transportar LM. Nosso plano (depois de muitas pesquisas e considerações): levar o LM em isopores pequenos com gelo seco na mão. Levei uma carta da pediatra justificando o leite e todos os meus exames comigo. Se não me deixassem passar, meu marido pegaria o leite e iria de carro até o Rio. Passamos. O leite chegou super congelado, eu tinha 49 porções. Ufa. Faltavam 4 dias para a cirurgia.
Fui para o hospital deixando 80 porções de leite no freezer. Deu para 10 dias. Fiquei internada duas semanas. Pensava que seria possível mandar leite para ela, mas não foi, por diversos motivos. Por conta da extensão da cirurgia, fiquei 2 dias com dieta zero (sem água), depois, podia comer 50ml a cada 4 horas (!), 100 ml a cada 4h, 100ml a cada 3h, depois liquido sem restrição de quantidade, depois pastoso, depois, enfim... difícil produzir leite e ordenhar sem comer, SEM BEBER, sem posição, com acessos, com dreno, com dor, com interrupções para exames, enfim, difícil ordenhar no hospital.
Nos dias de internação tive o suporte fundamental da amiga e consultora de amamentação Bianca Balassiano Najm. Além da linha direta com o clínico, para pensar em alternativas melhores para os medicamentos do pós-cirúrgico, ela foi ao hospital várias vezes, ordenhou (e hidratou meu seio no CTI ferido por mãos de enfermeiras sem prática de ordenha – eu “ensinei” a fazer – que manipulavam meu seio com luvas), foi um ombro mais do que amigo, me ajudou a manter a cabeça no lugar nos momentos de desespero. Foi fundamental.
Uma semana depois da cirurgia, tive uma febre alta de 40 graus – precisei entrar com um antibiótico que, segundo os médicos (não há consenso – mas não tinha mais forças para ler, pesquisar, argumentar, brigar) não era compatível com amamentação. Precisava esperar o resultado da cultura para saber qual antibiótico tomaria, por quanto tempo e se poderia ou não ter alta (venoso ou oral) e amamentar.
Enquanto isso, o leite em casa acabou, Nina precisou tomar fórmula. Chorei muito. Me senti derrotada. Mas continuei ordenhando – precisava tentar. Neste momento, bastante debilitada, ordenhava 2 vezes por dia. Ordenhava para não ter mastite. Ordenhava para não secar o leite. Pensei em desistir – mas já tinha ido longe demais. Continuei. Estava cansada – cansada de tudo. Será que meu esforço valeria a pena? Será que ela aceitaria o seio novamente? Cheguei a ter medo de ela não me reconhecer... Afinal, ela completou 2 meses quando eu estava no hospital e ficamos 2 semanas afastadas...
Decidi que manteria a ordenha 2 vezes por dia e quando pudesse me alimentar (e beber) normalmente novamente iria trabalhar para aumentar a produção de leite. Depois de ter alta ainda precisei ficar 9 dias sem dar o peito por causa do remédio. Aos poucos fui aumentando o número de ordenhas diárias até me aproximar das mamadas dela. Conversando com um pediatra amigo da família, decidi não usar nenhum medicamento para aumentar a produção logo de cara e ver como seria. Comprei sondinhas para translactação. Aprendi a observar sinais de desidratação. Preparei-me para o dia da retomada. Ao mesmo tempo em que acreditava na retomada, tinha medo.
Chegou o dia. Não esperei que chorasse de fome, apenas sentei com ela num cantinho confortável e ofereci o peito. Ela olhou, lambeu, brincou com a língua, e mamou, mamou forte de um lado só – e o outro lado vazou, molhou todo o vestido, como se quisesse me mostrar que era possível. Não usei as sondinhas, não preparei mais fórmula, não fervi mais mamadeira. Naquele dia ela fez muitos xixis e fez um cocô daqueles que vai até o pescoço. Ela não estava desidratada. Ela dormiu bem (acordou 2 vezes ao invés de uma). Eu consegui. Nós conseguimos.
Foram 22 dias sem oferecer o peito (10 com meu leite, 12 com leite artificial). 6 semanas de ordenha, primeiro para guardar, depois para desprezar o leite impróprio. 2 semanas sem ver minha filha. Ela voltou ao aleitamento exclusivo.

Voltamos para SP 6 semanas e meia depois de sair com o leite congelado. Dois dias depois, Nina teve uma consulta com a pediatra: ela engordou e cresceu conforme sua curva. Eu consegui. Nós conseguimos.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Blog

Deu vontade de começar um blog. 
Por que um blog?
Deu saudade de escrever.
Deu vontade de colocar "no papel" experiências e reflexões de mãe.
Deu vontade de compartilhar sentimentos e angústias.

Hoje, minha filha mais nova, Nina, completa 4 meses. Foram 4 meses muito intensos, que aos poucos vão aparecer por aqui nas próximas postagens. A Laura, a mais velha, tem 5 anos de doçura e amor. Ela me emociona a cada dia e quero compartilhar essas emoções.

Um blog sobre o quê?
Sobre maternidade. Maternidade e muito mais. 
Um blog por quê?
Por que deu vontade.
Simples assim!